Dólar acompanha exterior e sobe ante real; política monetária segue no radar após dados de inflação

Updated : 24 de set. de 2021 13:26 UTC3min read
Cédulas de dólares
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar abriu em alta contra o real nesta sexta-feira, acompanhando a valorização internacional da divisa norte-americana em meio a temores sobre a incorporadora chinesa Evergrande e expectativa de redução de estímulos pelo Federal Reserve em breve.
Most Popular

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar avançava contra o real nesta sexta-feira, acompanhando a valorização internacional da divisa norte-americana, considerada segura, em meio a temores sobre a incorporadora chinesa Evergrande e expectativa de redução de estímulos pelo Federal Reserve em breve.

Advertisement
Know where Markets is headed? Take advantage now with

Your capital is at risk

Enquanto isso, os investidores avaliavam as perspectivas para a política monetária brasileira à medida que digeriam dados de inflação mais fortes do que o esperado para setembro.

Às 10:22, o dólar avançava 0,63%, a 5,3428 reais na venda, após tocar 5,3540 no pico do dia (+0,84%), enquanto o dólar futuro negociado na B3 subia 0,68%, a 5,3485 reais.

Os mercados financeiros globais continuavam apreensivos com a imensa dívida da Evergrande, depois que o prazo de quinta-feira para o pagamento de 83,5 milhões de dólares em juros de um título denominado em dólares passou sem a empresa se pronunciar.

“Na China, não há ainda sinais de que o problema da Evergrande está perto de ser equacionado de maneira estrutural”, alertou em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “Isso terá impacto não desprezível sobre o crescimento do país e do mundo, em algum momento. Quanto mais tempo levar para essa questão ser solucionada ou endereçada, maior o impacto.”

Em meio ao posicionamento mais resguardado dos operadores, o índice do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes subia 0,27% nesta manhã. Peso mexicano, rand sul-africano e lira turca, pares arriscados do real, caíam de 0,6% a 1,2% contra a divisa norte-americana.

Também no radar internacional, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, fará discurso nesta manhã em que pode oferecer mais detalhes sobre os planos do banco central de dar início à reversão de suas medidas de estímulo de combate à pandemia. Na quarta-feira, o Fed sinalizou que provavelmente começará a cortar suas compras de títulos em novembro.

Enquanto isso, no Brasil o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,14% em setembro, sobre alta de 0,89% no mês anterior, informou o IBGE nesta sexta-feira. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,02% para o período.

No acumulado em 12 meses, a alta do IPCA-15 chegou aos dois dígitos pela primeira vez desde o início de 2016, a uma taxa de 10,05%.

À medida que os dados de inflação continuam a surpreender para cima, os mercados seguem atentos às perspectivas para a taxa básica de juros do Brasil, com muitos observando que o atual ritmo de aperto monetário do Banco Central pode não ser o suficiente para aliviar as intensas pressões sobre os preços.

“Se o BC mantém o ritmo atual (de elevação da taxa Selic), o mercado fica com a sensação de que, para conter a inflação, precisaria de alta mais forte”, disse à Reuters Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.

Ainda assim, disse ele, é possível que a manutenção do ritmo recente de alta dos juros permita uma Selic terminal mais elevada, algo que talvez não pudesse se concretizar se o BC optasse por promover aumentos superiores a 1 ponto percentual na taxa ao longo das próximas reuniões de política monetária.

O Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual pela segunda reunião de política monetária consecutiva na quarta-feira, a 6,25% ao ano, e indicou alta de igual magnitude em seu próximo encontro.

Várias instituições financeiras têm elevado suas projeções para a Selic ao fim do ciclo de aperto monetário do Banco Central, com algumas casas prevendo taxa terminal de até dois dígitos.

Custos mais altos dos empréstimos no Brasil tendem a elevar a atratividade do mercado de renda fixa local, intensificar o ingresso de dólares no país e, consequentemente, beneficiar o real.

Mas qualquer valorização da moeda brasileira depende, afirmou Panonko, das trajetórias de inflação e retomada econômica e da agenda fiscal do governo, com necessidade de passar a impressão de austeridade e comprometimento com o teto de gastos.

O dólar caminhava para encerrar a semana em alta de mais de 1% contra o real.

Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,12%, a 5,3094 reais.

Don't miss a thing! Sign up for a daily update delivered to your inbox

Latest Articles

See All